segunda-feira, 21 de julho de 2014

Bem lá no céu... II


Quando passamos por momentos difíceis, é-nos possibilitado olhar para o céu e esquecer-nos de tudo, apenas ficar contemplando a beleza que existe na imensidão do céu. Quem já fez isso ou cotidianamente faz, com certeza sabe do que eu estou falando, sabe muito bem da paz imensa que sentimos. A contemplação é algo sagrado. Quem contempla a vida – e esta com todos os momentos – ou mesmo a natureza, é uma pessoa que compreendeu o valor da existência. Contemplar significa esquecer-nos de nós mesmos e ver além do que os nossos olhos podem ver. A contemplação nos possibilita um olhar diferenciado das dos demais seres humanos. Feliz é todo aquele que parou ou para uns 10 minutos para contemplar. Contemplar torna-se difícil porque não sabemos o que isto significa e, por isso mesmo, não adentramos nessa beleza.
O que seria, pois, a contemplação?
“O próprio Jesus nos mostrou, na conhecida história de Marta e Maria, que precisamos de ambos os pólos, da ação e contemplação (Lc 10, 38-42). Tal como Marta, devemos deitar mãos à obra onde for necessário. Devemos ser hospitaleiros para com os nossos convidados e cuidar deles. Mas também é preciso que exista em nós a Maria, que arranja tempo para se sentar simplesmente aos pés de Jesus e para ouvir o que Ele tem para lhe dizer”.[1]
Contemplar é parar um pouco. Não se contempla na correria. Quando se para alguns minutos para olhar demoradamente algo, mesmo que este olhar seja um olhar de amor e de ternura, aí se dá verdadeiramente uma contemplação. Além disso, quando aquilo que olhamos penetra em nosso coração, a contemplação se torna frutuosa. “Esperei no Senhor com toda a esperança; Ele inclinou-Se para mim e ouviu o meu clamor”, nos diz o Sl 40, 2. Contemplar é esperar no Senhor! Não qualquer espera, mas uma espera que reflete esperança e confiança.
Eu nunca me esquecerei das palavras do Padre Cláudio Sartori, ex-reitor e formador do Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição (SAPIC) – João Pessoa – PB: “Menino, você se torna aquilo que você contempla”. Há tanta coisa para se vê e se contemplar; contemplemos o verde da natureza, e nos tornaremos aquilo que o mesmo representa: “A esperança”. Uma pessoa que se torna à semelhança da esperança já tem praticamente toda a felicidade em suas mãos. Uma pessoa esperançosa tem o brilho da felicidade. Ela raramente desiste dos seus sonhos. Raramente desiste da vida. Raramente perde o sentido da vida. Repitamos o pensamento: “Esperei no Senhor com toda a esperança; Ele inclinou-Se para mim e ouviu o meu clamor” (Sl 40, 2). Contemplar o verde para nunca perdemos a esperança de uma vida melhor. Porque também temos os espinhos lado a lado conosco. A esperança se torna maior. Torna-se maior para quem ousa contemplar. Contemplar, para mim, é ter a esperança de um futuro com abundantes conquistas. A primeira conquista que se consegue na contemplação é o “eu interior”. Conquistamos a nós mesmos. Em seguida, conquistamos a própria vida. Tornamo-nos contemplativos à medida que nos entregamos por inteiro a Deus.
Há mestres espirituais que aplicam a contemplação a um dos passos para rezar com a Palavra de Deus; é a chamada “contemplatio”. Sempre acreditei que há verdade em cada silêncio feito com amor. Há verdade no silêncio de um olhar. Vejamos, então: “O quarto passo da lectio divina é a contemplatio. Significa orar sem palavras, um degustar Deus sem pensamentos, sentimentos e ideias. Contemplatio significa o puro silêncio. Para os monges, a contemplatio é sempre um dom da graça divina[2]. Que tal contemplarmos o rosto de Jesus Cristo? Ganharemos muito mais ao invés de contemplarmos a desesperança que a vida nos traz.
Raniero Cantalamessa, padre capuchinho, certa vez escreveu:
 “São Paulo escreveu que, contemplando Cristo, “somos transfigurados nesta mesma imagem, com uma glória sempre maior, pelo Senhor, que é Espírito” (2 Cor 3, 18). Ocorre o mesmo que no processo da fotografia: expondo-a à luz, fixa-se a imagem. O homem torna-se deveras aquilo que contempla”[3].
Quisera eu ser transfigurado na imagem que contemplo do Senhor crucificado! E o quanto, realmente, a nossa vida fica tal e qual àquilo que contemplamos. “Transmite aos outros o que contemplastes” (Lema dos Dominicanos). Transmitir com a vida!
Certa vez, eu ganhei uma estrela desenhada e recortada no papelão, pintada de verde, de uma pessoa que estudava comigo no Colégio Diocesano de Penedo, Alagoas. Aquela estrela, por mais simples que ela fosse, ou até pequena, ou se era verde, azul ou rosa, ela tinha um grande significado para mim. Quisera eu dizer como o poeta: “Que entre todas as estrelas, é a mais linda, a mais radiante, e a mais encantadora”. Realmente era uma estrela bonita. O seu significado, para mim, ultrapassava qualquer exterioridade. Era a estrela mais linda e charmosa. Por qual motivo? Aquela estrela foi feita com amor. Tudo o que se é feito com amor se torna belo a quaisquer belos olhos.
Não tenhamos medo de ter um pouco de sensibilidade nas palavras!
Os intelectuais se perdem nos conceitos que tomaram para si.
Os intelectuais preferem usar palavras grossas e curtas, negando-se a si mesmo e à sensibilidade que há guardada no seu coração. E é porque há muita gente adulta que o mundo carece de paz e de amor. Tenhamos um pouco da razão do filósofo e uma grande porção da sabedoria do poeta.
Qual é a estrela que você contempla no céu? Já parou para pensar nisso? Se você não contempla nenhuma estrela no céu, eu lhe pergunto: “Quem você considera uma estrela na sua vida?”. Porque estrela é tudo aquilo que tem valor. E, por isso, nós precisamos valorizá-la, contemplá-la e se encher de sua beleza.
Defendo, portanto, a ideia de contemplar o mundo com tudo o que nos rodeia, suas sombras e suas luzes, bem como contemplar Deus presente nas virtudes evangélicas (fé, esperança e caridade) e no outro que se aproxima de nós. Este outro que é diferente de nós é como uma estrela que irradia beleza na construção de nós.



[1] Anselm Grun, “O livro das Respostas”.
[2] “As fontes da espiritualidade”, Anselm Grun, p. 17.
[3] “O mistério da transfiguração”, Raniero Cantalamessa, p. 67.

domingo, 20 de julho de 2014

Bem lá no céu... I

“Estrelas” representam algo em nossa vida.
O céu estrelado significa muita coisa!
A ciência é um mundo a ser apaixonado.
Ouço a voz de Einstein!
Ouço a voz de Newton!
Que diga fundamentalmente a ciência!
“Fazer, criar, inventar exigem uma unidade de concepção, de direção e de responsabilidade. Reconheço esta evidência”[1], nos diz Albert Einstein. Fazemos alguma coisa todos os dias. Somos criadores de situações. Inventamos para nos satisfazer. Queremos fugir de nossas próprias responsabilidades. Que fazer, criar e inventar caminhem de mãos dadas com a responsabilidade.
Nada que seja feito se esconda do agir responsável.
Emanuel Lévinas tem razão... “Ser responsável”.
Que significado? Que representação? Tente descobrir. Tente encontrar as respostas dentro de você mesmo (a). O nosso interior, por vezes, responde as nossas indagações mais profundas sobre nós mesmos e sobre o mundo que está à nossa volta. Mas como isso é possível? Como é possível encontrar as respostas? Olhando para a sua história. Para a nossa história. Talvez, não simplesmente fixando o olhar na história de seus dias, mas eu diria – decididamente – sentindo-a. Repito: “Sentir a história”.
“Afinal de contas, sentir é a maneira mais eficiente de pensar”, conta-nos Manoel Carlos, diretor de novelas, em seu livro de crônicas “A arte de reviver”. E eu diria com minhas próprias palavras: “Sentir é mais real do que pensar”. Prefiro intuir a hierarquia de valores. Primeiríssimo plano, o sentir humano. Logo após, o pensamento.
Somente sentimos a nossa história quando fazemos a nossa consciência vibrar. Isso mesmo: “Vibração”. Porque tudo aquilo que vibra significa dizer que há energia. A energia de estar atento, acordado, esperto. Ainda diria mais para você o fator da “vibração”: tendo consciência de cada segundo que passou, que passa e que ainda está por vir. Anselm Grun escreveu sobre a consciência: “Aqui a pessoa chega ao seu verdadeiro cerne. Na consciência, ela tem uma percepção do que é a vontade de Deus ou do que é a lei natural à qual o ser humano deve obedecer”.[2] E aqui está o verdadeiro significado de viver nesse mundo: “Sentindo e amando a vida”. “A consciência é o centro mais secreto e o santuário do ser humano, no qual ele se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser”[3], nos diz o Vaticano II. Ouvindo a voz na intimidade do nosso ser, nós – livre e conscientemente – descobrimos a vontade de Deus a nosso respeito e podemos obedecê-lo.
Resultado da “consciência” e do “sentir a história”: uma vida bem vivida, percebendo o valor de cada “pequena” coisa que nos aparece, aproveitando cada segundo com alegria e amor. Assim, uma pessoa que vive conscientemente sabe agradecer a Deus pelo que tem e pelo que se é ao invés de frustrar-se pelo que aparece. “Depende, sobretudo, de começar com determinação”, nos diz Santa Teresa de Ávila. Determinação é a palavra chave que norteia o estado da consciência e da sensibilidade. Determinar-se a ser mais do que ter.
Eis aqui a ideia que queremos defender ao longo de todas as reflexões.
De fato, filósofos e artistas diversos investigaram acerca dos sentidos, das sensações e dos sentimentos que perpassam a história do ser humano.
“A sensibilidade é uma categoria do conhecimento e uma categoria política. Ela é a base, a vida de acesso ao mundo externo ao nosso corpo, o modo como se estabelece nossa relação com as coisas, justamente por ser um modo como experimentamos nosso corpo e os demais corpos. É o modo como olhamos para as coisas, como ouvimos, mas também como as pensamos. O que melhor resume a sensibilidade é que ela é uma capacidade de ter atenção às coisas, o modo como nos dispomos ao que não somos e não conhecemos”[4].
O conceito acima da escritora nos acorda ao significado de uma vida vivida conscientemente pautada da sensibilidade. No pensar dos filósofos (Leibniz, Hume e Condillac), “a sensibilidade surge como o lugar da constituição e já não como marca da fragilidade e da falibilidade do homem, mas como sinal da relação do homem com o mundo”.[5] Daí que a palavra sensibilidade, para quaisquer conceitos, referir-se-á sempre a uma relação direta do homem para com as coisas que o rodeia.
Augusto Branco, poeta rondoniense, é brilhante poeta num poema simples a respeito das estrelas do céu:

Todas as noites eu olho para o Céu. para admirar minha Estrela,
que entre todas as estrelas é a mais Linda, a mais Radiante, e a mais Encantadora. E, por apaixonado que eu seja,  dedico à ela todos os meus sentimentos
poesias e canções e sempre adormeço com ela em meus pensamentos,
mesmo sabendo que eu não ocupo os seus pensamentos,
mesmo sabendo que ela não brilha pra mim.
Estrela é um fenômeno do mundo.
Porque falar de “Estrelas”? Uma resposta muito simples: é um tema bíblico e, também, mergulha no mundo literário. Um teólogo intelectual começaria um texto a partir de um conceito renomado sobre a fé ou sobre uma palavra difícil que se encontra nos dicionários da vida acadêmica. Um teólogo simples começaria a partir de “coisas insignificantes” desta vida e tentaria penetrar nos segredos mais profundos do mistério de Deus, que abarcam a dimensão antropológica e sociológica do mundo.
O céu estrelado significa muita coisa!
Que digam os cientistas!
Que digam os poetas!
Que digam os apaixonados pela criação de Deus!
Que digam os teólogos!
Quando passamos por momentos difíceis, é-nos possibilitado olhar para o céu e esquecer-nos de tudo, apenas ficar contemplando a beleza que existe na imensidão do céu. Quem já fez isso ou cotidianamente faz, com certeza sabe do que eu estou falando, sabe muito bem da paz imensa que sentimos. A contemplação é algo sagrado. Quem contempla a vida – e esta com todos os momentos – ou mesmo a natureza, é uma pessoa que compreendeu o valor da existência. Contemplar significa esquecer-nos de nós mesmos e ver além do que os nossos olhos podem ver. A contemplação nos possibilita um olhar diferenciado das dos demais seres humanos. Feliz é todo aquele que parou ou para uns 10 minutos para contemplar. Contemplar torna-se difícil porque não sabemos o que isto significa e, por isso mesmo, não adentramos nessa beleza.
O que seria, pois, a contemplação?
“O próprio Jesus nos mostrou, na conhecida história de Marta e Maria, que precisamos de ambos os pólos, da ação e contemplação (Lc 10, 38-42). Tal como Marta, devemos deitar mãos à obra onde for necessário. Devemos ser hospitaleiros para com os nossos convidados e cuidar deles. Mas também é preciso que exista em nós a Maria, que arranja tempo para se sentar simplesmente aos pés de Jesus e para ouvir o que Ele tem para lhe dizer”.[6]
Contemplar é parar um pouco. Não se contempla na correria. Quando se para alguns minutos para olhar demoradamente algo, mesmo que este olhar seja um olhar de amor e de ternura, aí se dá verdadeiramente uma contemplação. Além disso, quando aquilo que olhamos penetra em nosso coração, a contemplação se torna frutuosa. “Esperei no Senhor com toda a esperança; Ele inclinou-Se para mim e ouviu o meu clamor”, nos diz o Sl 40, 2. Contemplar é esperar no Senhor! Não qualquer espera, mas uma espera que reflete esperança e confiança.
Eu nunca me esquecerei das palavras do Padre Cláudio Sartori, ex-reitor e formador do Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição (SAPIC) – João Pessoa – PB: “Menino, você se torna aquilo que você contempla”. Há tanta coisa para se vê e se contemplar; contemplemos o verde da natureza, e nos tornaremos aquilo que o mesmo representa: “A esperança”. Uma pessoa que se torna à semelhança da esperança já tem praticamente toda a felicidade em suas mãos. Uma pessoa esperançosa tem o brilho da felicidade. Ela raramente desiste dos seus sonhos. Raramente desiste da vida. Raramente perde o sentido da vida. Repitamos o pensamento: “Esperei no Senhor com toda a esperança; Ele inclinou-Se para mim e ouviu o meu clamor” (Sl 40, 2). Contemplar o verde para nunca perdemos a esperança de uma vida melhor. Porque também temos os espinhos lado a lado conosco. A esperança se torna maior. Torna-se maior para quem ousa contemplar. Contemplar, para mim, é ter a esperança de um futuro com abundantes conquistas. A primeira conquista que se consegue na contemplação é o “eu interior”. Conquistamos a nós mesmos. Em seguida, conquistamos a própria vida. Tornamo-nos contemplativos à medida que nos entregamos por inteiro a Deus.
Há mestres espirituais que aplicam a contemplação a um dos passos para rezar com a Palavra de Deus; é a chamada “contemplatio”. Sempre acreditei que há verdade em cada silêncio feito com amor. Há verdade no silêncio de um olhar. Vejamos, então: “O quarto passo da lectio divina é a contemplatio. Significa orar sem palavras, um degustar Deus sem pensamentos, sentimentos e ideias. Contemplatio significa o puro silêncio. Para os monges, a contemplatio é sempre um dom da graça divina[7]. Que tal contemplarmos o rosto de Jesus Cristo? Ganharemos muito mais ao invés de contemplarmos a desesperança que a vida nos traz.
Raniero Cantalamessa, padre capuchinho, certa vez escreveu:
 “São Paulo escreveu que, contemplando Cristo, “somos transfigurados nesta mesma imagem, com uma glória sempre maior, pelo Senhor, que é Espírito” (2 Cor 3, 18). Ocorre o mesmo que no processo da fotografia: expondo-a à luz, fixa-se a imagem. O homem torna-se deveras aquilo que contempla”[8].
Quisera eu ser transfigurado na imagem que contemplo do Senhor crucificado! E o quanto, realmente, a nossa vida fica tal e qual àquilo que contemplamos. “Transmite aos outros o que contemplastes” (Lema dos Dominicanos). Transmitir com a vida!
Certa vez, eu ganhei uma estrela desenhada e recortada no papelão, pintada de verde, de uma pessoa que estudava comigo no Colégio Diocesano de Penedo, Alagoas. Aquela estrela, por mais simples que ela fosse, ou até pequena, ou se era verde, azul ou rosa, ela tinha um grande significado para mim. Quisera eu dizer como o poeta: “Que entre todas as estrelas, é a mais linda, a mais radiante, e a mais encantadora”. Realmente era uma estrela bonita. O seu significado, para mim, ultrapassava qualquer exterioridade. Era a estrela mais linda e charmosa. Por qual motivo? Aquela estrela foi feita com amor. Tudo o que se é feito com amor se torna belo a quaisquer belos olhos.
Não tenhamos medo de ter um pouco de sensibilidade nas palavras!
Os intelectuais se perdem nos conceitos que tomaram para si.
Os intelectuais preferem usar palavras grossas e curtas, negando-se a si mesmo e à sensibilidade que há guardada no seu coração. E é porque há muita gente adulta que o mundo carece de paz e de amor. Tenhamos um pouco da razão do filósofo e uma grande porção da sabedoria do poeta.
Qual é a estrela que você contempla no céu? Já parou para pensar nisso? Se você não contempla nenhuma estrela no céu, eu lhe pergunto: “Quem você considera uma estrela na sua vida?”. Porque estrela é tudo aquilo que tem valor. E, por isso, nós precisamos valorizá-la, contemplá-la e se encher de sua beleza.
Defendo, portanto, a ideia de contemplar o mundo com tudo o que nos arrodeia, suas sombras e suas luzes, bem como contemplar Deus presente nas virtudes evangélicas (fé, esperança e caridade) e no outro que se aproxima de nós. Este outro que é diferente de nós é como uma estrela que irradia beleza na construção de nós.



[1] “Como vejo o mundo”, Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1981.
[2] “O livro das respostas”, p. 178, Anselm Grun.
[3] Gaudium et Spes, nº 16.
[4] Artigo de Marcia Tiburi
[5] Sensibilidade (filosofia). In infopédia (Em linha). Porto: Porto Editora, 2003-2014. (Consult. 2014-05-09)
[6] Anselm Grun, “O livro das Respostas”.
[7] “As fontes da espiritualidade”, Anselm Grun, p. 17.
[8] “O mistério da transfiguração”, Raniero Cantalamessa, p. 67.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

EXPERIÊNCIA COM CRISTO

"TESTEMUNHO DE FÉ E CONVERSÃO"

Já se passaram muitos dias em que aconteceu um dos eventos mais esperados neste ano na Igreja Católica aqui no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, especialmente pela Juventude, tanto de cá, bem como a do mundo inteiro. Trata-se da Jornada Mundial da Juventude, um encontro belíssimo realizado com a presença do Papa, entre os dias 23 a 28 de julho de 2013. Neste ano, a primeira vez que acontece uma Jornada desse perfil no Brasil, nós tivemos a presença do recente Papa Francisco. Participaram desse tão esperado momento aproximadamente três milhões e setecentas pessoas. Embora com muita chuva no Rio de Janeiro, o evento com jovens de todos os cantos do mundo foi repleto de graças e de muitas bênçãos para muitos de nós que participamos com fervor e entusiasmo cada momento que o Senhor preparou para nós.

Também eu tive a graça de sentir o Senhor bem próximo de mim. Também eu fui alcançado por Jesus Cristo na Jornada Mundial da Juventude. Já fazia alguns dias que eu sentia uma imensa vontade de pôr no papel a experiência que eu tivera nos dias que passei nessa jornada, mas eu havia sentido uma resistência pessoal na hora de escrever. No entanto, de lá para cá – muitos dias se passaram – eu tenho visto sinais no meu cotidiano que eram um alerta de Deus para mim. Um alerta de que eu tinha uma missão a cumprir na minha vida, desde já, e de que eu não deveria ter medo. De fato, o caminho de viagem que eu havia percorrido até o momento da jornada mundial da juventude no Rio de Janeiro era, para mim, o caminho de Damasco, a estrada que Saulo também percorrera em sua vida quando estava à procura dos cristãos para colocá-los na prisão. E foi na estrada a Damasco que Cristo Ressuscitado lhe aparece e, a partir daquele momento, a vida de Saulo muda radicalmente, uma vez para sempre.

Gostaria de compartilhar com você a minha experiência com o Senhor no meu caminho de Damasco, que teve seu êxito completo no dia 19 de Julho, às 19h, quando cerca de 120 pessoas e eu saímos da Igreja Santa Júlia, no bairro da Torre, João Pessoa – PB, com destino a Recife – PE.

Conversando com algumas pessoas, eu dizia que a nossa jornada havia começado a partir daquele primeiro momento em que saíamos de nossa terra, de nossos lares, sob o cuidado de nossas famílias e amigos. Começara a Jornada Mundial da Juventude no meio do nosso grupo. Conhecíamos pessoas novas ali mesmo. Convivíamos com estrangeiros que dividiam conosco bancos dos ônibus e momentos da vida. Partilhávamos experiências naquele enorme ônibus que nos levava para a capital de Pernambuco. Como éramos muitos, nós nos dividimos em 3 grandes ônibus, mas viajávamos juntos e estávamos sempre muito próximos uns dos outros nesse itinerário de ida.

Falarei muito de Saulo, o convertido Paulo, devido que a minha experiência pessoal nessa jornada se realizara sob o seu perfil. Ele como baluarte segundo; Deus como baluarte por excelência. Saulo pudera ter tido a experiência com Jesus Cristo no começo da estrada de Damasco, ou mesmo na metade, ou então já no final, a poucos metros de agarrar ferozmente os seguidores de Cristo. Só Deus sabe qual distância o jovem Saulo tivera o seu encontro com o futuro amor de sua vida. Deus sabe o momento certo para agir e para curar. Também alguns jovens pudessem ter tido uma experiência de conversão nesse percurso que fazíamos até a cidade de Cachoeira Paulista, em São Paulo, e, posteriormente, a cidade do evento da Jornada Mundial da Juventude. Cada pessoa possui uma história linda e rica de mistérios. Cada pessoa possui uma história de fé que emociona e transforma muitas outras vidas. Todavia, há tantas histórias bonitas de conversão guardadas e escondidas. O que é belo deve ser compartilhado. Deveríamos desejar viver a cultura do bem. Fazer o bem ao outro sem cessar. O mal é quem deve ser tirado de nossa vida definitivamente. Compartilha, pois, a tua fé! Saulo jamais pensara que uma estrada pudesse marcar a sua vida definitivamente. Penso eu que nenhum dos inúmeros jovens que viajaram nesses dias imaginasse que o grande amor do Senhor, um dia, pudesse brilhar mais intensamente em suas vidas.

Chegamos no aeroporto de Recife por volta das 22hs. Tendo feito o chequin, nós ficamos à espera do voo, que sairia apenas a partir das 2h. Ficamos no aeroporto, conversando e nos distraindo até o momento da partida para o estado de São Paulo. Neste primeiro momento, nada de tão grande fato havia me marcado, a não ser a própria companhia dos irmãos que comigo dividiam os segundos do tempo e a emoção do coração.

Tendo partido para o aeroporto de Guarulhos, nós começamos mais uma etapa de nossa jornada. Já era a nossa primeira missão. De fato, todos nós havíamos saídos de nossa terra e fomos ao encontro de outras criaturas. O avião em que eu estava, juntamente com outras pessoas do meu grupo, saiu de Recife com destino ao aeroporto de Guarulhos às 2:40hs. Madrugada! E foi nessa madrugada que um episódio me acontecera e que me marcaria profundamente. Ao chegar no destino proposto, por volta das 05:40hs, depois que pegamos as malas desembarcadas, ficamos à espera de todos os jovens do grupo se organizarem com suas malas e à espera dos ônibus que nos levariam para Cachoeira Paulista, numa posada de frente à Comunidade Canção Nova. Ainda no aeroporto de Guarulhos, havia um grupo de pessoas que animava constante o ambiente. Fiquei curioso para saber do que se tratava realmente. Alguns jovens e eu fomos na direção do grupo, e  víamos um circulo enorme, que naquela madrugada animava e encantava no aeroporto, dançando numa espécie de Ciranda, tão conhecida aqui no Nordeste. No meio do circulo, eu me recordo que havia um padre com mais três jovens, que haviam tomado à frente da animação com voz e violão. Havia feito uma descoberta: “eram estrangeiros do Panamá”, assim me falara uma jovem chamada Raqueli. Eu nem sequer me lembrava da existência desse país. Nesse momento, se dera a minha primeira experiência profunda de uma jornada. Até então, nada de tão esplêndido, nada de tão belo, à primeira vista do momento. Eu passaria a entender o significado daquele primeiro momento justamente no fim de toda a jornada, que iria acontecer posteriormente, depois de muitas andanças e momentos vividos.

Fomos, então, à Cachoeira Paulista. E lá ficamos numa pousada de frente com a Comunidade Canção Nova. Passamos maior tempo nessa localidade; três dias antes do evento da Jornada Mundial da Juventude e três dias depois do mesmo. Chegamos a participar de muitos encontros na referida comunidade. Uma experiência marcante, também, para muitos jovens. De fato, a todo instante o Senhor fala conosco e nos comunica o Seu amor. Somente um coração aberto e sereno se torna capaz de perceber as maravilhas que Deus realiza em nossa vida. Sempre falo que quem "tem fé, olha a vida com um novo olhar". Esse pensamento é fruto do meu coração. Daí que todas as situações que acontecem conosco na vida, elas poderão ter um significado positivo quando olhamos com fé, enxergando Deus naquele momento, confiando Nele, dando tempo ao próprio tempo, esperando a Vontade de Deus se realizar em nós.

A vontade de Deus se realiza progressivamente; um dia de cada vez.

Saímos de Cachoeira Paulista e nos dirigimos para o Rio de Janeiro. Era o dia 22 de julho. A Jornada Mundial da Juventude começaria no dia seguinte, com toda uma programação bem preparada e pensada na evangelização da juventude, embora o Papa Francisco havia mudado muito o seu itinerário na jornada, de modo que isso fosse reflexo do seu espírito dinâmico e carismático, que o impulsionava a sempre nos surpreender e nos deixar maravilhados com a sua simpatia e ternura. Estávamos todos ansiosos para ver o novo Papa da Igreja Católica, o representante de Pedro, Apóstolo, primeiro chefe da Igreja. Um papa argentino. O primeiro papa filho do continente americano. Um papa que nos reflete São Francisco de Assis, admirado e amado pelo povo.  

Depois da primeira experiência que eu tive no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com os estrangeiros do Panamá, o meu coração havia sentido o desejo de ver novamente pessoas do mesmo país. Eu havia, inclusive, pesquisado a sua respectiva bandeira, para que eu pudesse localizar com mais facilidade algum rastro do Panamá no meio de milhares de estrangeiros no Rio de Janeiro, entre as inúmeras bandeiras e mediante os vários gritos de guerra, que nos faziam perceber que a juventude existe realmente e que a sua força, quando marcada pela união e por um grande ideal, é capaz de estremecer o mundo e tudo o que possa existir. O coração fervoroso da juventude faz tremer o coração inquieto do mundo. E o quanto a Igreja precisa dos jovens para anunciar a pessoa de Jesus Cristo! 

Nada de encontrar bandeiras do Panamá. E os cinco dias da Jornada no Rio de Janeiro se seguiram dessa mesma forma. Sem rastros! Sem sinais! Sem uma luz! Nada referente ao inesperado país! Para mim, eu havia perdido qualquer esperança de poder reencontrar com o povo do Panamá e trocar alguma lembrança e poder guardá-la comigo como fruto do evento. Panamá havia me marcado pela melodia. E como admiro uma boa melodia!

O evento “Jornada Mundial da Juventude” foi bastante significativo. Cada momento, cada segundo, cada passo dado valeu a pena! Pessoas de todos os lugares do mundo. Pessoas diferentes. Diferentes na cultura, na língua, no modo de ser. Deus ama a todos. Incrível saber que o amor de Deus estava ali presente. Deus ama cada estrangeiro. O amor de Deus visita os lares pobres e ricos. O amor de Deus é simplesmente magnifico! Não tem distância, não tem cor, não tem raça. Isso é importante saber: O amor é universal! Deus é para mim, é para você. Não apenas para mim. Deus é tão valioso que deve ser compartilhado. Isso mesmo: compartilhar o amor de Deus a todos. Este deveria ser o carisma de todo bom cristão. Compartilhar o amor de Deus amando o próximo, respeitando as suas diferenças, dando testemunho de fé.

Quando eu falei, ainda nas primeiras páginas, que a minha conversão teve seu "êxito completo" no dia 19 de julho, eu quis me lembrar, simplesmente, que já fazia uns meses que o Senhor me convidava a ser uma "nova criatura" (2 Cor 5, 17). E foi dentro do seminário que Deus me fazia perceber que era hora de se acordar e abraçar Cristo uma vez para sempre. O amor de Deus é o melhor a se viver. E como foi difícil, e às vezes o é ainda, para mim, entender que "viver de amor" (Santa Teresinha), e escolher Deus acima de tudo, deveriam ser o programa de minha vocação. A minha conversão continua a acontecer, um dia de cada vez, para a glória de Deus. Sempre será uma "conversão completa" porque sempre é hora de mudar de vida. Jamais devemos perder o foco; Cristo é o foco. Jamais devemos perder o projeto de Deus para nós. E como vale a pena que também você descubra o que Deus espera de você no hoje de sua vida.


Já se passaram tantos dias e o Panamá apenas ficara na lembrança. Chega, então, a vigília tão esperada pelos jovens. Era o dia 28 de julho. Inúmeros jovens passaram o dia todo na praia de Copacabana. A vigília estava programada para acontecer em outra localidade, na chamada Cidade da fé. Todavia, imprevistos aconteceram. Mudança de plano. A chuva havia alargado o “Campus Fidei”, espaço onde milhares de jovens passariam a noite. Nesse dia da vigília, eu estava com o Pe. Alexandre Magno Jardim e um grupo de jovem da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, bairro do Varadouro, João Pessoa – PB. Fomos para a praia de Copacabana por volta das 16h. A praia já estava lotada. Ao chegar lá, nós tentamos encontrar espaço na areia para que pudéssemos ficar. Andamos, andamos, andamos e não encontrávamos espaço nenhum. Era uma imensidão de gente! Coisa fora do comum. Tendo conseguido um espaço na areia da praia de Copacabana, nós passamos o tempo à espera da adoração ao Santíssimo Sacramento com o Papa Francisco. Eram mais de dez telões plantados na areia da praia. De um telão para o outro tinha cerca de 100m. Nós estávamos a 500m do último telão. De fato, eram 3 milhões e setecentas pessoas naquele momento.

Chega o momento da adoração ao Santíssimo Sacramento. Um dos mais belos momentos da Jornada. Eu e mais 3 jovens, dentre todo o grupo, estávamos juntos, e aproveitamos intensamente aquele precioso e único momento de nossas vidas.

Recordo-me que o Papa havia feito uma homilia. O telão estava muito distante de nós. Não ouvíamos nada do Papa. Um jovem que estava conosco pega o seu celular e sintoniza na rádio. Conseguimos escutar um pouco as palavras do Papa Francisco, embora o som não muito favorável. Nós nos juntamos para ouvir a homilia no celular. Conseguimos ainda ouvir: “Vocês têm que ser construtores da Igreja. Não tenham medo”. Após a homilia, eu os perguntei: “Como nós podemos ser construtores da Igreja?” Aquele momento foi, de modo especial para mim, muito marcante. Cada um dos quatro jovens partilhou um pouco. Uma partilha mais sábia do que a outra. Na minha vez, eu, me dirigindo para eles, falei brevemente da história de conversão de Saulo. E eu falei na íntegra como se dera o encontro do Senhor ressuscitado com Saulo na estrada a Damasco. “Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saul, Saul, porque me persegues?” Ele perguntou: “Quem és, Senhor?” E a resposta: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te, entra na cidade e te dirão o que deves fazer” (At 9, 4-6).

Em seguida, nós resolvemos dar uma volta pela calçada da praia. Havia muita gente! Inclusive, a maioria dos jovens já estava dormindo. Nós saímos para nos distrair um pouco. Todo grupo animado que nós encontrávamos, nos juntávamos a eles, e nos divertíamos juntos. Interessante é que nós nos deparamos com muitos grupos que estavam em circulo, cantando e dançando. Todos eles cantavam a mesma canção: aquela canção que nos acolhera no aeroporto de Guarulhos cantada pelo povo do Panamá. A canção se chama “Um grande sinal” e faz parte de um movimento chamado Neo-Catecumenal. Outra descoberta que eu havia feito naqueles momentos. Havia uma presença muito forte de pessoas desse referido movimento da Igreja na Jornada Mundial da Juventude. Tanto nos divertimos que já estávamos cansados.

Resolvemos voltar para o nosso ambiente da areia, onde o nosso grupo lá estava e pegara no sono. Já era madrugada. Saímos do último circulo de jovens e resolvemos parar e combinar a nossa volta. Eu estava de cabeça baixa naquele momento. De repente, como que num piscar de olhos, eu levanto a minha cabeça e vejo um jovem, bem perto de mim, a 3m apenas, com uma bandeira com as cores do Panamá. Eu me dirigi para os jovens e lhes falei: “Gente, é o Panamá. Eu não acredito”. Imediatamente, eu fui ao encontro do jovem, já no final da jornada, e o cumprimentei. Perguntei de onde ele era, ao que me respondeu: “Panamá”, para a minha grande surpresa e enorme alegria. Panamá é um pequeno país da América central. Tentei conversar com aquele jovem. Não duramos mais do que cinco minutos. Descobri que havia pouca gente do pequeno país Panamá naquela jornada dos jovens. Na despedida, eu ficara mais surpreendido ainda, quando resolvi me apresentar e lhe perguntar o nome. Ele me respondeu: “Saul”. Naquele momento, eu começara a entender que o Senhor tinha um recado para mim. Interessante, também, é que eu passei o semestre inteiro, e mesmo nas férias, lendo e procurando conhecer mais a figura do apóstolo Paulo, grande escritor, mais do que isso: “Um grande missionário”. E, por incrível que pareça, a jornada mundial da juventude tinha essa perspectiva missionária para os jovens. No entanto, reencontrar com o Panamá e, dessa vez, com um jovem  chamado "Saul", "Saulo", foi bastante surpreendente para mim.

Voltamos, depois daquele meu encontro com o jovem Saul, e fomos dormir. Logo ao amanhecer, uma pequena abelha avança no meu olho esquerdo. Tudo tão rápido e tão preocupante. Poderia ter sido um motivo para que o meu olho cegasse. Com a ajuda dos jovens do grupo que ali estavam por perto, acordados, tiramos a ferrugem, e eu fiquei mais tranquilo, embora o meu olho havia ficado, de repente, um pouco enxado. Tal e qual Paulo, depois da experiência com o Senhor no caminho a Damasco, que ficara cego por três dias, devido a grande luz que iluminara não somente o seu corpo, mas toda a sua alma. Para mim, de outras formas, Deus queria falar comigo. Somente comigo. O recado era para mim. Ninguém mais irá entender as experiências que eu tive na Jornada Mundial da Juventude, porque Deus quer se comunicar é comigo, pobre e pecador. É de mim que Ele precisa, hoje!

Depois de todos esses momentos, de todas essas experiências, eu me questiono o mistério da Vontade do Senhor para mim. Esses dias, a vontade do Senhor estava mais clara para mim, porque Ele mesmo estava me mostrando, através de sinais no meu dia-a-dia, o que Ele sonhava e esperava de mim nos últimos tempos. Vem à minha mente, tão rapidamente, como num simples insight, ou então revelação do Espírito Santo, um fato que me marcara na minha infância. Eram as “cartas de amor”; coisas de crianças. Eu tinha mais ou menos 11 anos de idade, em Santa Rita, quando gostava de escrever “cartas de amor”. Escrevia para mim mesmo. Escrevia, também, porque me pediam, para que pudessem enviar para outras pessoas. Gostavam do modo que eu escrevia. Mostrava, assim me falaram, um dom na arte de escrever. E escrever essas cartas era, de fato, o meu grande dom. Como me sentia bem fazendo aquilo. Dava-me um enorme prazer: escrever e se declarar.

Nos últimos tempos, eu tenho escrito muitas coisas. Como gostaria de publicar todos os meus pensamentos. Mas, vez por outra, eu ouvia uma voz: “Ainda não. Calma! No tempo certo!”.

Há poucos dias, eu me lembrava das palavras de um padre numa pregação em um retiro que nós tivemos aqui no Seminário: “Quando você ouvir Deus falando algo no seu coração, não tenha medo, faça”. Lembro-me que naquele retiro, há dois anos, eu ouvi a voz de Deus para um fato, mas eu havia recusado fazer o que Ele me pedira. E hoje eu sinto muito a recusa de minha resposta positiva e generosa para com Ele. Tenho sentido isso no desenrolar dos fatos no semestre passado.

Diante de tudo o que eu passei no Seminário, nesses anos todos, se eu tivesse de resumir todos os momentos, assim eu resumiria: “Deus me ama”. Eu estava pensando nessas palavras e relacionando à experiência que eu tive no evento no Rio de Janeiro.


Há poucas horas eu escutara uma voz: “Felipe, como Paulo, escreve cartas. Faz o que gostas. Comunica o amor de Deus”. Daquela experiência que eu havia tido na minha infância, eu pensei: “É isso! Não vou expressar o meu amor – aqui pessoal (amor humano) – em palavras. Vou comunicar a todos o quanto Deus nos ama! Vou escrever cartas”. Tenho tido, nos últimos anos, uma experiência muito forte com a lectio divina. Tanto consegui ajudar as pessoas numa pastoral da Igreja com a meditação da Palavra de Deus, feita em grupo, e o quanto Deus tem falado para mim. E eu tenho conseguido forças e coragem para viver. A palavra que Deus me traz é essa: “Um novo Paulo. Um novo Felipe. Um outro Cristo”. Em Paulo, na pessoa de Cristo, eu me torno um novo homem, para a glória de Deus Pai, no Espírito Santo.

Certa vez, eu descobri que o Evangelho que a liturgia propôs no dia e ano do meu nascimento, 09 de maio de 1989, foi Jo 17, 1-11. É a chamada "oração sacerdotal", conforme alguns teólogos. Assim está escrito:


"Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti; Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra. Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti; Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado.

E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós". 


Enfim, todos esses versículos me ensinam muito a ser um novo Paulo, um outro Cristo. Guardo, de um modo muito especial, o versículo 3, que diz: "Que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviastes". Faço da música do Pe. Zezinho a canção do meu coração: "Meu espírito está em sintonia com o Pai". 



Assim seja. Amém!
Seminarista Felipe Almeida

MAS COMO VIVER?

"Devo viver cada dia como o último da minha vida. Deixar tudo o que é acessório, concentrar-me somente no essencial. Cada palavra, cada gesto, cada telefone, cada decisão é a coisa mais bela de minha vida; reservo a todos o meu amor, o meu sorriso"
Dom François Van Thuan

PARA REFLETIR...

"Não tenhais medo" São João Paulo II

"Ser responsável pelo outro" (Emmanuel Lévinas)

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder, por medo de tentar, o bem que poderíamos ganhar" Shakespeare

“Fale boas palavras! E jamais, em momento algum, se canse de conjugar, diariamente, em todos os modos e pessoas, o verbo AMAR” Dalcides Biscalquin


"No dia em que deixarmos de lado os pobres, os marginalizados, os angustiados e os pecadores, estaremos deixando de lado o próprio Deus" Chiara Lubich

“Você sabe que alguém te ama não pelo que ele fala, mas pelo o que faz. O amor não sobrevive de teorias” (Padre Fábio de Melo).


"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (Antoine de Saint-Exupéry - principezinho).


"Meu pai é uma prova de que mesmo que a vida diga "não", mesmo que a vida "feche" as portas, a melhor resposta é continuar a amar, a fazer o bem e a lutar." (Dalcides Biscalquin)


"Ajuda-me, Senhor, a me examinar assim: qual é o centro da minha vida? Tu ou eu? Se és Tu, recolher-nos-ás na unidade. Mas, se vejo que ao meu redor, aos poucos, todos se afastam e se dispersam, esse é o sinal de que me coloquei no centro" Dom François Van Thuan

"Não ter esperança em alguém é levá-lo ao desespero" Emmanuel Mounier

Mensagem de Eduarda (Edy) - Portugal

"Amigo! Nunca deixes de sonhar, serás sempre um vencedor! Porque Deus está contigo. Beijinhos" (16 de Agosto de 2011)

CONSELHO ESPIRITUAL

"Felipe, eu sempre digo a todos que não sejas mais um a escolher o caminho por escolher, mas que seja aquilo que teu coração mais deseja; seja a opção que se optar, seja feita com muito amor. Não ser mais um, mas o um é muito diferente".

Paula Monteiro - PORTUGAL.

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